quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Querer


Queria não incomodar. Queria não ser dependente, não ser confusa. Não passar confusão, dúvidas, infinitos dilemas. Queria ser decidida, objetiva, simples, prática.


Queria ser mais útil. Aos outros, a mim mesma. Ser mais completa, mais racional. Queria não querer tanta coisa. Só querer o presente. Esquecer o que passou, o que passará. Esquecer eu mesma.


E idealizando tanto, perco o tempo que poderia ser gasto realizando. Pensar muito confunde. Pensar pouco aliena. Pensar ajuda. Às vezes. Viver faz bem. Sempre.


Tentar se melhorar é bom. Apenas pensar a respeito é tortura.


Ser feliz faz bem.E sempre fará.


“Through your fears and sorrow, smile
And maybe tomorrow
You'll see the sun come shining through for you
Light up your face with gladness,
Hide ev'ry trace of sadness,”

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

19190109feminino_messbrasil

“ O menino é pai do homem “ , coisa que eu descobri a pouco tempo. Mas ainda bem que descobri =). 

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Amor

O Amor
Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e nõ tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
E ainda que tivesse o don de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal quetransportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
E ainda que distribuisse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
O amor é sofredor, é benigno;o amor não é invejoso;o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.
Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;
Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;
Porque , em parte, conhecemos, e em parte profetizamos;
Mas ,quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.
I Cor. 13: 1-9


Amar
Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados amar?


Que pode, pergunto, o ser amoroso,sozinho,
em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o cru,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave
de rapina.Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.
Carlos Drummond de Andrade

Tão inteiramente conhecia Cristo a Judas, como a Pedro, e aos demais; mas notou o Evangelista como especialidade a ciência do Senhor, em respeito de Judas, poruqe em Judas mais que em nenhum dos outros campeou a fineza do seu amor.Ora vede : defnindo S.Bernardo o amor fino, diz assim: Amor non quaerit causam, nec frutum: "O amor fino não busca causa nem fruto". Se amo, porque me amam, é obrigação, faço o que devo; se amo para que me amem, é negociação, busco o que desejo.Pois como há de amar o amor para ser fino ? Amo, quia amo, amo, ut amem: amo, porque amo, e amo para amar. Quem ama porque o amam, é agradecido; quem ama, para que o amem, é interesseiro; quem ama, não porque o amam, nem para que o amem, esse só é o amor fino. E tal foi a fineza de Cristo, em respeito de Jydas, fundada na ciência que tinha dele e dos demais discípulos.
Padre Antonio Vieira

Amor e amar é , talvez, uma caminhada, um objetivo. Amar ,de verdade,não tem porquê, não tem para quê, é apenas amar. Amor pelo Amor; amar pelo amar. Ponto de difícil alcance. Verbo banalizado pelo mundo. Sentimento muito grande e perfeito para caber no mínimo espaço que restou do total já ocupado pelas bobeiras e pequenez nossas.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Ninguém serve

A gente passa a vida reclamando. O médico que nos atendeu nos fez esperar horas; nossa mãe é imcompreensiva, os irmãos são chatos, o pai é mandão. O professor não explica direito, o vizinho é um insuportável, a escola/faculdade/cursinho, não é tão bom quanto a gente achava que era. Os homens são cachorros, as mulheres são piranhas. Os amigos dão mancadas, na tv aberta não há programas que prestem, nosso bichinho de estimação dá trabalho. Se a gente ta solteiro , é ruim; se namora, também tem lá seus altos e baixos. O chefe é mercenário, o governo não vale nada, os políticos são todos iguais. A Veja é tendenciosa, o que tem na Scientific American é difícil de entender e a Capricho é tosca. As meninas santas são sem graça, as extrovertidas , se bobearem , estão na boca do povo ; as que se arrumam têm que tomar cuidado pra não serem taxadas de palhaçinhas ambulantes, as que não se arrumam, de desleixadas. Os meninos quietos precisam de mais atitude, os de atitude, de menos. Mulheres são mto sentimentais, homens são safados demais. Eles gostam das 'fogosas', mas falam mal; eles babam nas 'playboys' da vida, e chingam as modelos de vulgares.
O jornalista redigiu errado, o vestibular não sabe avaliar, e a faculdade do outro não é tão boa quanto a nossa. Entretanto, a nossa também está cheia de defeitos, que a gente só enxerga com outras pessoas do mesmo meio. As filas para qualquer coisa estão intragáveis, a bebida do bar estava doce demais, mas no outro dia estava de menos. Os garçons demoram eternidade para atender, a mocinha do caixa tem cara de bunda, o direitor se acha o mandão.
Os populares do trabalho/escola/academia/etc pensam ter um rei na barriga; as celebridades são desequilibradas. O mundo é uma droga, ninguém ajuda ninguém, falsidade is in the air.

E a gente? É muito melhor que qualquer coisa daí de cima? Pra mim, somos tão bons como qualquer item citado, mas, infelizmente, ainda não inventaram espelhos para os defeitos não- palpáveis.Muitas vezes pensamos ser tão melhores, quando na verdade, somos até piores.

Ninguém serve para ninguém ,as pessoas aos próprios olhos são só qualidades, e os outros, só defeitos.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Nosso analgésico


Todo mundo, acredito eu, já teve momentos de erros bobos cometidos, ainda que alguém tivesse aconselhado a não cometê-los . É uma mania inútil de acreditar em nosso 'achômetro' e desprezar as experiências alheias. Quantas vezes , antes de sair, as mães alertam: "leva blusa de frio !" , " fecha a janela", " não anda descalço, não bebe nada gelado ". Ficamos irritados com tantos cuidados e, às vezes, por pirraça, fazemos exatamente o oposto. Quanta bobagem. No dia seguinte a garganta dói, os sintomas de resfriado aparecem, e quem sabe, um dia de cama com o modo 'fotossíntese' ligado forçadamente.É isso aí, quem mandou não dar importância a algo importante.

De igual maneira agimos no dia-dia com as pessoas que gostamos.Sempre nos dizem : cuidado com suas atitudes, pense antes de falar, de agirde forma impulsiva. E quem ouve ? Então erramos, magoamos os outros, nos machucamos. Achamos que , ok, erramos, mas depois pedimos desculpas e estará tudo bem. Acontece que nem sempre as coisas caminham assim. Um pedido de desculpas nem sempre remedia totalmente um erro, geralmente ameniza. Digamos que.. tira a febre, mas não garante que a dor de cabeça também passe.

Embora não pareça, desculpas consolam a gente, não a pessoa afetada em questão. E não, nem sempre está tudo bem depois de um 'ah, me desculpa ! ' . Dependendo do que se disse, do que foi feito, talvez nunca saia da memória do outro. Então , nesse caso o melhor é prevenir mesmo, e não apelar para "benegripes" da vida; evitar não só tomar gelado, mas também esfriar nossa relação com quem gostamos por magoá-los com deslizes que poderiam- e deveriam- ser evitados.

A dor é um sinal que o corpo envia para nos falar que algo não anda bem, que é preciso mudança de postura, de modo de vida. Ela ensina, te impulsiona a agir de uma forma melhor-para você e para os demais. Mas não é necessário que os outros sejam as cobaias destinadas aos testes de nossas infinitas formas de pedir desculpas.

domingo, 2 de agosto de 2009

Realidade

Sabe, andei reparando que durante boa parte da nossa vida nós passamos idealizando tudo. Quando era criança idealizava a gloriosa fase em que teria vários professores, quando eu finalmente iria ter aquelas matérias de pessoas adultas ( óó! ) , parecia que seria tão legal ! Achava que tudo seria igual costumava ver nos filmes. Que quando me apaixonasse pela primeira vez seria incrível, o menino seria o mais lindo do mundo e morreria de amores por mim - e pior, que ele adoraria saber que era o primeiro que passava pela minha vida. Porque ninguém ensina a gente que nada é perfeito ? E porque ninguém nos fala que, embora tudo tenha muitos defeitos, que embora muitos decepcionem a gente um dia, aquilo que a gente espera , um dia vai aparecer, mas de um jeito diferente.
Ensinam a gente que os homens não prestam. Ok. Mas o que seria não prestar ? Porque ninguém nos falou, ao invés de ' menina, homem é tudo igual, não valem nada' , algo tipo' seja realista, observe onde está indo e se vale a pena'. Ai, acho que , talvez, pudesse ser mais fácil levar as decepções que passam pela vida da gente. Se você toma como ponto de partida que todas as pessoas ao seu redor são podres, um dia você pode encontrar alguém realmente legal e não perceber isso. Da mesma maneira, se você toma como ponto de partida que todos serão bons com você, quando aparecerem os oportunistas, falsos, e interesseiros, você se decepcionará, e será bem triste.
Não sei no mundo masculino como as coisas funcionam, mas pelo que eu percebi no 'meu' mundo é que queremos que tudo seja perfeitinho. Então, nós vamos crescendo e vendo que a realidade não é perfeita, que todo mundo vai se decepcionar, infelizmente. Mas nós também vamos decepcionar alguém. Nós queremos que aquele carinha gracinha, que vimos no bar outro dia, seja sincero, legal, divertido, que nos chame pra sair,seja agradável, que diga coisas lindas, que seja sensível, praticamente, que seja perfeito. Mas porque nós não lembramos que ele tem direito de não estar afim da gente, de não querer compromisso (nenhum), e sei lá, de querer que, depois de conseguir algo, virássemos uma pizza ? Isso parece - e é- tão insensível.. mas é um direito de escolha. Quando as intenções são essas, a pessoa envia sinais, às vezes bem claros por sinal, mas nós insistimos em nos enganar.Em achar que, embora ele pareça totalmente longe de 'prestar', conosco, será diferente-claro.
Queremos achar que ele vai ver que somos ótimas, que temos 'n' qualidades, que ele vai se arrepender de não ter curtido. E aí, acho que poucos (as) percebem que perdem tanto tempo nisso, tanto tempo com algo e alguém que, definitivamente, não valia a pena. Que podiam aproveitar esse tempo e ir encontrar alguém legal de verdade, e que mostrasse isso.
E sabe, acho que essa mania de se auto-enganar atinge todos os setores da vida. Nós perdemos - eu perco, perdi- tanto tempo dedicando atenção a fatos, pessoas, situações que fogem da perfeição idealizada , sendo que esse tempo podia ter sido tão melhor aproveitado.
A realidade pode parecer muito cruel, ou pode ser melhor do que esperamos. Depende do tamanho da 'bolha' em que vivemos. Quanto mais realista tentamos ser,quanto mais tentamos compreender o que nos cerca, quanto mais somos tolerantes, quanto menos tentamos nos enganar, melhor e mais fácil tudo pode ser. E então, enxergamos o que realmente é importante- e nos faz bem.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Busca Estranha

Reparei que vivo buscando algo que me faz falta de alguma forma.Revirando meus pensamentos, descobri o equívoco: eu não buscava, esperava encontrar.E mesmo encontrando esse algo, tinha medo de não ser exatamente o que eu pensava ser, exatamente como pensava ser. Então optei por não esperar encontrar mais.

Mas não tem jeito, esse algo faz falta. Me mostra nos pequenos detalhes do cotidiano que poderia estar aqui, mas não está. Me lembra como todos precisam dele, mas tentam não enxergar. Então comecei a pensar novamente a respeito, tentar encontrar esse algo perdido e sentido. Conclui ser simples, sem ser fácil: companhia.

Não, não é um amor, nem tão pouco uns beijos descompromissados. Há pessoas possuidoras de ambas coisas simultaneamente , e ainda sim, não têm companhia. Obviamente sinto falta de relações mais.. carnais, daquele friozinho na barriga antes de sair com alguém, de contato, o corpo sente . Mas sem companhia, a lacuna não preenchida é maior.

É possível satisfazer o falta sentida pelo corpo facilmente. É possível encontrar beijos casuais em qualquer lugar. É possível encontrar desejo em muitas pessoas.É possível entrar em contato, sentir-se tocada, sentir-me atraída por várias pessoas. No entanto, não é possível conseguir um abraço sincero solto por aí. Nem se ter uma troca de olhares de felizes somente pela presença das pessoas em questão em qualquer esquina. Tão pouco um entrelace de mãos transmissor de segurança. Não é fácil ter uma companhia.

Ver alguém sorrir porque você chegou. Estar ao lado de uma pessoa , ficar em silêncio e não haver constrangimento por isso. Saber que há desejo, contudo não ser o único sentimento conectivo . Sentir confiança, ter diálogos e não monólogos e sentir prazer neles.Alguém despreocupado e desinteressado em coisas a serem oferecidas. Alguém sem ações premeditadas , nem calculadas. Uma companhia para me acompanhar. maos%20dadas

Eles

mulher_homem_top

E nós vivemos reclamando que eles não nos dão a devida atenção que merecemos. Reclamamos que não reparam em nós, que não notaram nosso vestido novo de 550,00 reais. Que , pode parecer absurdo, mas eles nem comentaram sobre os três dedos que  cortamos do comprimento do cabelo. Que não viram que a nossa lingerie caríssima é nova e foi comprada só para ser usada com eles.

Reclamamos de como são impulsivos e como podem ser sem-vergonhas. De como brigam facilmente e depois acham que tudo está bem. Odiamos como olham pras outras mulheres e de como isso nos faz sentir as últimas das últimas. Não suportamos a famosa falta de sensibilidade e não entendemos como eles podem gostar tanto de carros, pornografia e filmes violentos e porque praticamente dão risada do Diário de Uma Paixão enquanto choramos como crianças.

E então, nós perdemos tanto tempo reparando nessas diferenças gritantes que não nos damos conta que são elas que nos unem. Não vemos que as qualidades deles nos completam de uma forma inexplicável. Que toda a sensibilidade que procuramos neles é aquela que temos em excesso. Que quando eles nos pegam chorando em filmes e nos falam “ mas é só um filme, sua bobinha, não precisa chorar” demonstra que também são sensíveis. Que aquele abraço apertado num dia de TPM é tudo que nós precisávamos – muito mais que chocolate -.

Esquecemos que toda vez nos encontramos com eles, embora não tenham levado 3 horas para ficarem prontos, estão incrivelmente lindos, cheirosos e ficam babando quando nos vêem, quando nós também babamos. E aí achamos que porque eles não repararam que mudamos a cor do esmalte de ‘renda’ para ‘paris ‘ e eles não notaram, é o fim do mundo. Que sim, definitivamente os homens são uns idiotas insensíveis que não levam em consideração o quanto nos entregamos a eles e como leva tempo e dinheiro para ficarmos lindas pra eles.

E eles não entendem qual a bendita diferença entre pintar o cabelo de loiro claríssimo e loiro claríssimo acinzentado, e nós não entendemos porque eles ficam doentes quando um Porsche de 15.10³ cavalos de potência passa perto. Mas sim, mulheres, eles reparam em nós. Eles notam que nosso cabelo está bem cuidado, que fazemos as unhas. Eles adoram estar perto de nós e sentir nosso perfume e reparam quando não o estamos usando. Reparam na forma como nos vestimos e nos comportamos. Reparam na nossa excessiva sensibilidade .

Mas nós não reparamos o quão bom eles podem ser e são. Em como se sentem orgulhosos por estarem conosco. Em como se esforçam pra repararem em cada detalhe do nosso visual , só para poder comentar e ver como a gente fica feliz. Não vemos que não há independência financeira ou status social que substitua um amor verdadeiro que eles podem oferecer. Não notamos que eles gostam de como nós somos, com ou sem maquiagem, com ou sem a lingerie caríssima da Victoria’s Secret, com ou sem nossas infinitas paranóias. E quando estamos com eles, não notamos como a simplicidade contrastante deles nos faz falta.

E reparamos tanto no fato de eles não repararem nos detalhes, que esquecemos de notar que eles reparam no conteúdo, no conjunto da obra, e nós, nas pequenas coisas que não nos fazem falta quando estamos longe deles.